Como calcular a indenização por acidente de trabalho?

Calcular a indenização por acidente de trabalho é uma das dúvidas mais comuns entre trabalhadores e até mesmo empresas. Afinal, cada caso envolve fatores diferentes, como tipo de lesão, tempo de afastamento, sequelas e responsabilidade do empregador.
Neste artigo, você vai entender — de forma clara e segura — como funciona o cálculo da indenização, quais valores entram na conta e quais direitos o trabalhador pode exigir.

A jurisprudência brasileira estabelece que a indenização deve ser calculada levando por base o salário recebido pelo trabalhador à época do acidente, multiplicado por um coeficiente que leva em consideração a gravidade da lesão (percentual da redução da capacidade laboral, a qual é estipulada pelo médico do trabalho).

O que é considerado acidente de trabalho?

Pela legislação brasileira, acidente de trabalho é qualquer evento que cause lesão corporal, perturbação funcional ou doença, que afete a capacidade de trabalho do empregado.
Inclui:

  • Acidente dentro da empresa

  • Acidente no trajeto (casa → trabalho → casa)

  • Doenças ocupacionais

  • Agravamento de doenças existentes devido às condições de trabalho

     

    Como calcular a indenização por acidente de trabalho?

    O cálculo não é único. Na verdade, envolve 4 tipos de indenização que podem aparecer juntas ou separadas:

     

    1. Indenização por danos morais

    Danos morais compensam o sofrimento, dor, abalo psicológico e impacto emocional.

    💰 Como é calculado?

    O valor é definido pelo juiz, analisando:

    • Gravidade da lesão

    • Se houve culpa da empresa

    • Se houve sequelas permanentes

    • Consequências na vida do trabalhador

    Na prática, danos morais podem variar muito, mas normalmente ficam entre:

    • R$ 5 mil a R$ 80 mil em casos leves a moderados

    • R$ 100 mil a mais de R$ 300 mil em casos graves ou incapacitantes

    2. Danos materiais

    Aqui entram os prejuízos financeiros diretos, como:

    • Gastos com medicamentos

    • Hospedagem

    • Tratamentos

    • Fisioterapia

    • Cirurgias

    • Perdas com transporte

    💰 Como calcular?

    Basta somar todas as despesas comprovadas com notas fiscais, recibos e laudos.

     

    3. Pensão mensal (lucros cessantes)

    Quando o acidente causa redução da capacidade de trabalho, o trabalhador pode ter direito a pensão.

    💰 Como é calculado?

    A pensão corresponde ao percentual de incapacidade multiplicado pelo salário da vítima.

    Exemplo realista:
    Salário: R$ 2.000
    Incapacidade: 30%
    Pensão: R$ 600 por mês

    Se a incapacidade é permanente, a pensão pode ser:

    • Paga de forma mensal, ou

    • Convertida em indenização única, multiplicada pela expectativa de vida trabalhista da pessoa.

    •  

    4. FGTS + estabilidade

    Quando o acidente é reconhecido, o trabalhador tem direito a:

    • FGTS depositado durante o afastamento

    • Estabilidade de 12 meses após o retorno

    Esses valores também entram no cálculo global da reparação.

     

    Exemplo prático de cálculo de indenização

    Imagine um trabalhador que recebeu:

    • Salário: R$ 2.500

    • Ficou 3 meses afastado

    • Teve incapacidade parcial permanente de 20%

    • Gastou R$ 1.200 em tratamentos

    • O juiz fixou danos morais em R$ 15.000

    •  

    Cálculo:

    ▶️ Danos materiais

    R$ 1.200

    ▶️ Pensão mensal (indenização única)

    20% de R$ 2.500 = R$ 500/mês
    Converte-se multiplicando por expectativa de vida trabalhista (ex.: 20 anos → 240 meses)
    R$ 500 × 240 meses = R$ 120.000

    ▶️ Danos morais

    R$ 15.000

    Total estimado: R$ 136.200

    Esse é um exemplo com valores fictícios, apenas para ilustrar como funciona o cálculo.

     

    Quando a empresa é obrigada a indenizar?

    A empresa tem dever jurídico de indenizar quando:

    • Foi negligente com segurança

    • Não forneceu EPI adequado

    • Não treinou o funcionário

    • Houve ambiente de trabalho inseguro

    • Houve responsabilidade direta do empregador

    ❗ Importante:
    Mesmo quando não há culpa direta da empresa, o trabalhador ainda pode ter direito a benefícios como auxílio-doença acidentário (B91) e estabilidade de 12 meses.

    Documentos necessários para calcular a indenização

    Para fazer o cálculo correto, é essencial reunir:

    ✔ CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)
    ✔ Laudos médicos
    ✔ Notas fiscais de despesas
    ✔ Comprovantes de salário
    ✔ Relatórios de fisioterapia
    ✔ Atestados de incapacidade
    ✔ Exames e prontuários
    ✔ Boletim de ocorrência (se existir)

     

    É possível calcular sozinho?

    Você consegue ter uma estimativa, mas o cálculo completo depende de:

    • Perícia médica

    • Avaliação da culpa

    • Percentual de incapacidade

    • Entendimento dos direitos previdenciários e trabalhistas

    Por isso, advogados especializados conseguem calcular com precisão, evitando que o trabalhador receba menos do que tem direito.

     

    Conclusão

    Calcular a indenização por acidente de trabalho envolve analisar vários fatores, desde gastos comprovados até impactos permanentes na vida do trabalhador.
    Quanto mais grave o acidente e maior a incapacidade, maiores tendem a ser os valores devidos.

    Se você sofreu um acidente, o ideal é buscar orientação jurídica para avaliar:

    • Direitos trabalhistas

    • Direitos previdenciários

    • Valores que realmente devem ser pagos

    Assim, você evita erros e garante uma indenização justa

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